Temos tempos estranhos com relação à alimentação. Pessoas saudáveis excluindo glúten e lactose da dieta. O carboidrato virou um “veneno”. A carne processada está podre. As pessoas cada vez mais desenvolvem doenças ligadas à má alimentação como hipertensão, diabetes, doenças renais. Correntes de nutricionistas disseminam uma “funcionalização” do alimento, tirando todo e qualquer prazer do simples e essencial ato de comer. Precisamos parar, pelo menos para pensar sobre isso.

A cada hora um alimento é alçado ao posto de vilão supremo. Já foi o ovo, a manteiga, a banha de porco, a carambola, o café, o chocolate…As pessoas mudam seus hábitos alimentares de acordo com o que vivem, o que acontece na economia. Por exemplo, nos últimos anos no Brasil, quando a classe C e as camadas sócio econômicas mais baixas tiveram uma melhora em sua condição financeira , houve um aumento considerável no consumo de biscoitos recheados e refrigerantes. Vejam, a melhora do poder aquisitivo levou a uma piora na qualidade da alimentação! Isso não é bacana.

Preocupado com essas questões, o Ministério da Saúde publicou em 2015 um Guia Alimentar para a população brasileira que se baseia em 5 princípios básicos:

  1. Alimentação é mais que a ingestão de nutrientes. A combinação entre os alimentos, os hábitos de cada comunidade, a maneira como os alimentos são produzidos e processados, tudo isso e muito mais determinam a qualidade da alimentação.
  2. Recomendações sobre alimentação devem estar em sintonia com seu tempo. Se pensarmos na banha de porco, por exemplo veremos que antigamente era a única gordura usada na preparação dos alimentos, mas as pessoas tinham como “gastá-la”. A locomoção era feita à pé ou a cavalo, o trabalho era muito mais braçal e não haviam os confortos que nos prendem ao sofá que temos hoje.
  3. Alimentação adequada e saudável deriva de sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável. É preciso olhar a produção e o consumo sob o ponto de vista da sustentabilidade. A cadeia precisa estar integrada para que o resultado seja a promoção da saúde, inclusive do planeta.
  4. Diferentes saberes norteiam a formulação de guias alimentares: a alimentação faz parte de um sistema que envolve desde a biologia, a veterinárias, a medicina, até os profissionais de marketing!
  5. Guias alimentares ampliam as escolhas: um guia tem como função principal esclarecer sobre os aspectos do assunto de que trata para que as pessoas tenham conhecimento para fazer escolhas mais acertadas.

Nosso pais é tão rico e diverso em alimentos que não precisamos nos render a modismos vindo de fora. Nem vindos de dentro! Nada de modismos, por favor! Nada de funcionalizar ou “medicalizar” os alimentos! É preciso ter consciência, conhecimento e sobretudo preservar o prazer de uma alimentação equilibrada, preparada com amor, rica em cores, texturas, sabores, aromas.

Leiam o guia do Ministério da Saúde, que compartilho com vocês:(http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira.pdf ). Além de informações preciosas tratadas com muito respeito, em tempos de carne podre e fraca, ele é lindo!